29 de dezembro de 2014

Somos.

       


E agora somos amantes
do amor oculto mais explícito
do afeto, do desafeto mais que afetivo
do consolo desconsolado, inconsolável
Do rabisco e da palavra rabiscada. 

Somos a estampa
da cama bagunçada
da cara deslavada
do beijo frio do descaso
do abraço vazio nesse vago espaço

Somos o desgosto
da alma desalmada, não amada 
do calçudo incalculável 
do ritmo descompassado
da batina frenética de nossos corações. 

Somos o mártir
de querer e não poder
de sonhar e não querer acordar 
do abalo inabalável
do som e do grito que não se ouve. 

Somos amantes da solidão
que não foi confessa 
da carência de conversa 
que desconversa. 
Somos. 

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